Uma história um pouco grande, mas que com toda certeza
vale a pena ler.
Waverly Hills Sanitarium foi aberto em 1926 para o
tratamento da tuberculose, conhecida também como “Morte Branca (White Death)”,
durante a epidemia que vinha se espalhando com força total pelos Estados
Unidos. Estima-se que mais de sessenta e quatro mil pessoas morreram nesse
hospital, não somente de tuberculose, vários suicídios ocorreram por médicos,
enfermeiras bem como os enfermos que não aguentavam o sofrimento, ou culpa. Mas
isso é somente o começo da tragédia, Waverly Hills Sanitarium foi lugar para
experiências terríveis e dolorosas na busca da cura da tuberculose, milhares de
pessoas morreram durante essas experiências. Entre os procedimentos estavam a
Pneumothorax que consiste em desinflar o pulmão para ajudar na cura, ou
Thoracoplasty, um procedimento muito doloroso que remove algumas costelas para
que o pulmão tenha mais espaço para expandir, o problema era que com a grande
demanda por anestésicos alguns pacientes eram operados às pressas sem o uso dos
mesmos. Desses dois procedimentos somente 4% dos pacientes sobreviveram, porém
dizem que houveram outras experiências não documentadas. Vestígios foram
encontrados, mas pela falta de interesse da policia tais experiências nunca
foram comprovadas. Já nos anos 50 a tuberculose foi quase completamente
erradicada e o sanatório foi fechado em 1961 para ser reaberto em 1962 como
asilo para idosos com problemas mentais. Em 1982 o asilo foi fechado por abuso
aos idosos.
Varias pessoas que visitaram o lugar estavam seguras de
que tinham visto fantasmas e presenciaram portas batendo e gritos pelos
corredores e quartos. O vigia que trabalhou no local durante seis meses, após
seu fechamento, afirma que durante esse tempo sempre teve vontade de se matar:
“Eu fazia rondas pelo asilo e me sentia triste, olhava as
janelas e queria saltar. Somente coisas ruins passavam pela minha cabeça e eu
tinha vontade de fazer o mal.” – relatou.
A depressão tomou sua mente até que ele decidiu
demitir-se, retomando o controle e a felicidade de sua vida logo após.
Sara Johnson, enfermeira do asilo presa em 1984 por
torturar pacientes falou que eram as vozes que lhe mandavam fazer estas coisas.
Ela dizia que não queria machucar ninguém, mas tinha medo porque os supostos
espíritos diziam que iriam matar ela e sua família se ela não obedecesse.
Em 1993, um grupo de quatro médiuns e dois estudantes da
paranormalidade foram até o Waverly Hills Sanitarium para estudar os fenômenos
que vinham acontecendo no lugar. Tom Ashe, Billie Mason, Charlie Stanley e
Scott Mark eram os médiuns e David Price e Spencer Jackson os estudantes.
Decidiram passar a noite somente com algumas lanternas, gravadores de voz e um
pouco de comida. Chegaram ao local às sete da noite e começaram a planificar a
jornada noturna.
“Acho que deveríamos fazer duplas, e cada dupla ficar em
um andar diferente.” – disse David Price com voz excitada.
“Olha, eu e o Dr. Tom somos médiuns experientes e não precisamos
de companhia. Eu pelo menos me concentro melhor quando estou só.” – respondeu
Billie Mason.
“Concordo com você Billie, eu prefiro ir sozinho por que
eu acho que a energia de outras pessoas atrapalha a minha conexão com os
espíritos.” – confirmou Tom Ashe aos companheiros.
“Vamos fazer assim, Tom e Billie vão sozinhos, eu vou com
David e Spencer vai com o Charlie. Estamos de acordo?” – disse Scott.
“Parece um bom plano, eu não quero ir sozinho.” –
concordou Charlie.
“Eu coloquei as áreas do prédio mais interessantes no
papel e picotei, cada grupo pega um papel dizendo a ala que vai passar a noite,
achei que seria bom deixar o destino escolher a área que cada grupo vai.” –
disse David.
Tom foi o primeiro a escolher um papel.
“Túnel dos mortos, interessante.” – disse Tom com ar
desapontado, ele queria ir para o quinto andar pois sabia que era o lugar mais
assombrado.
“Wow, estou com sorte Tom, tirei o quinto andar.” – disse
Billie sorrindo para Tom.
“Minha vez.” – disse Spencer pegando um papel. “Ficamos
com o quarto andar Charlie.” – completou lendo o papel.
“Então nos restou o térreo e o refeitório Scott.” – disse
David mostrando o papel aos demais.
“Vamos começar para não perder tempo, eu
preciso de muito material para escrever a reportagem para a revista onde
trabalho e fazer jus aos gastos da pesquisa.” – completou.
“Certo, mas antes de começar devemos fazer uma oração.
Dêem as mãos e vamos formar um circulo.” – disse Tom pegando a mão de Billie.
Tom era o médium mais poderoso entre eles e vinha
estudando espíritos desde os dez anos quando começou a ver e conversar com
espíritos, dizia que ele vivia nos dois mundos ao mesmo tempo.
“Por favor Deus, envie-nos bons espíritos para nos guiar
e nos ajudar durante essa jornada. Proteja-nos daqueles que profanam Seu nome,
guie-nos pelo caminho da luz e não nos deixe se perder na escuridão.” – Orou
Tom, abriu o olho para ver centenas de pontos de luz girando em torno do
circulo feito pelos seis e sentiu-se tranqüilo.
“Ajustem seus relógios para mesma hora, são 7:22 pm,
vamos nos encontrar aqui na entrada as 6:00 am em ponto.” – disse David.
Os seis soltaram as mãos e entraram no prédio abandonado.
David e Scott que ficariam no térreo se separaram do grupo e andaram em direção
à ala dos quartos. Os demais foram para as escadas. Tom desceu para o túnel dos
mortos e os outros subiram para seus andares designados.
Em
seguida são as gravações das fitas que cada grupo levou consigo.
Tom
Ashe — Túnel dos Mortos
8:03 pm “O Túnel dos Mortos é um local muito famoso e também
muito assombrado, ele foi construído inicialmente para que os empregados do
hospital pudessem entrar e sair sem passarem pela portaria bem como transportar
suprimentos para dentro, esse túnel vai do hospital até o trilho de trem que
passa por perto. Quando muitas pessoas começaram a morrer e o túnel foi
utilizado para transportar os corpos diretamente para os trilhos, assim não
baixavam a moral dos pacientes. Eu estou sentindo vibrações péssimas aqui,
milhares de corpos passaram por esse túnel, eu posso sentir um tipo de fúria
dos espíritos que viram seus corpos sendo empilhados para transporte, posso ver
algumas pessoas gritando e chorando, médicos e enfermeiras continuam aqui
trabalhando como se ainda estivessem vivos. Eu vou meditar um pouco e orar por
eles.”
2:20 am “Depois de muita meditação pude me conectar com
um espírito de uma mulher que morreu de tuberculose durante uma cirurgia mal
sucedida. Ela não sabe que esta morta e não consegue entender, me disse que
esta esperando seu filho vir, eu disse que talvez ele não viesse, ela então se
descontrolou, seu rosto perdeu a forma e tentou me atacar fisicamente, mas
desapareceu logo após me chamar de mentiroso, eu não consegui traze-la de
volta.”
4:09 am “Eu estava dormindo, alguém me acordou tocando no
meu ombro e me chamou pelo nome, quando olhei havia centenas de espíritos a
minha volta, estavam me xingando, outros me mandando ir embora dizendo que era
mais seguro, alguns sussurravam aos meus ouvidos tentando me controlar de
alguma maneira, eu me concentrei e os afastei pelo método da meditação, alguns
ainda estão aqui tentando me controlar ou possuir.”
5:35 am “Não estou mais aguentando, não me sinto seguro,
meu corpo esta muito cansado e não consigo me concentrar, alguns espíritos me
dizem que eu nunca vou sair daqui vivo e que eu deveria me matar para evitar a
dor que eles vão me causar. Vou sair do prédio o quanto antes.”
5:42 am “Minha lanterna se apagou, a luz do meu relógio
esta muito fraca e não consigo encontrar a saída, o túnel é por baixo da terra
e não tem iluminação nenhuma, não estou enxergando por onde ando e de tempo em
tempo algo me empurra violentamente e me faz girar e perder a direção para onde
estava indo, não sinto tanto medo desde minha infância.”
Horário desconhecido: “Não sei que horas podem ser a luz
do meu relógio não funciona, estou no escuro e perdido, não sei por quanto
tempo estou andando, com sorte os outros estão vindo me procurar. Tem alguma
coisa me empurrando, estão tentando me machucar.” (A voz de Tom fica longe do gravador,
somente se escuta gritos e sussurros por um tempo, a voz de Tom ainda esta
longe, mas ele esta gritando e chorando). “MEU DEUS ME AJUDA, ENVIE-ME BONS
ESPÍRITOS PARA ME GUIAR E ME AJUDAR DURANTE ESSA JORNADA. PROTEJA-ME DAQUELES
QUE PROFANAM SEU NOME, GUIE-ME PELO CAMINHO DA LUZ E NÃO ME DEIXE SE PERDER NA
ESCURIDÃO.” (Segundos depois a voz de Tom novamente se aproxima do gravador).
“Esta tudo claro, espíritos de luz então me mostrando o caminho da saída, me
cercaram e isso mantém as sombras longe de mim estou correndo o mais rápido que
posso. Graças a Deus estou fora do túnel, posso ver a saída do prédio, minha
jornada terminou, estou preocupado com meus amigos, que são muito inexperientes,
mas não vou atrás deles por agora.”
Spencer
Jackson e Charlie Stanley — Quarto Andar
8:34 pm Spencer: “Eu, Spencer e Charlie estamos no quarto
andar do prédio, onde foram reportadas varias aparições de todas as épocas,
Charlie sentiu uma energia muito negativa em um dos quartos e vamos ficar por
aqui por um tempo tentando fazer contato com espíritos.”
“Charlie esta em transe já faz uns 40 minutos e não
responde aos meus chamados, ele esta com o olho revirado e sussurrando algumas
palavras, mas eu não entendo o que ele diz.”
Spencer: “Criança? Charlie você ta me escutando? Charlie?
Você esta vendo uma criança? Você pode me dar a descrição dessa criança?
Pergunte quem é ela e por que esta aqui. Charlie esta apontando para a porta,
mas não vejo nada lá, vou sair do quarto e olhar lá fora pois estou escutando
barulho de algo quicando no chão, estou vendo uma menina de uns cinco anos
aproximadamente brincar com uma bola no corredor, vou tentar me aproximar e
conversar com ela. Olá, você pode me dizer seu nome? (alguns segundos depois
Spencer grita, e pelo barulho, seu corpo e o gravador caíram no chão).”
2:44 am Charlie: “Eu encontrei o Spencer desmaiado no
chão do corredor e o gravador junto a ele, pelo que escutei no gravador ele
encontrou um espírito de uma menina. Ele não é médium e não está preparado para
ver o que certos espíritos tem para mostrar, a energia aqui é muito maligna,
muitos espíritos ruins vivem aqui e nunca se sabe o que podemos encontrar. Vou
ficar com Charlie aqui até ele acordar.”
4:09 am Charlie: “O Spencer acordou minutos atrás, disse
que ouviu uma voz, o chamando pelo nome e afirma que foi Billie, estamos
escutando alguns barulhos do quinto andar onde Billie esta. Spencer me disse
que se assustou com a aparência da criança ela não tinha olhos e orelhas e
perguntou se ele estava aqui para curar ela. Espíritos podem tomar a forma que
querem, por isso temos que estar preparados para ver coisas horrendas. Por
alguma razão as coisas nos últimos minutos tem ficado muito agressivas, estamos
cercados por sombras, as portas e janelas estão abrindo e fechando, alguma
coisa empurrou Spencer que está aterrorizado. Nós vamos tentar prosseguir para
uma área diferente nesse andar.”
4:32 am Spencer: “As coisas estão um pouco mais calmas,
nós estamos em um quarto grande onde Charlie diz que funcionava uma sala de
cirurgia nos tempos da epidemia da tuberculose, esta será a ultima sala que
vamos visitar, depois disso vamos embora!”
Charlie: “Eu estou vendo um jovem na mesa de cirurgia, estão
operando o rapaz, ele está aberto, do tórax até o abdômen, seus braços e pernas
estão amarradas à mesa, ele esta gritando e tem muito sangue saindo da boca
dele. Parece-me que ele esta anestesiado, mas levemente, o sedativo não é muito
forte. (Charlie começa a chorar) Ele esta sofrendo muito, posso sentir sua dor
ele está pedindo para morrer, o médico está removendo suas costelas, pela
energia do médico e enfermeiras, eles estão muito angustiados. Sinto uma
repulsa imensa, os espíritos que assombram esse hospital o querem destruir,
estão revoltados por tudo que foi feito com eles. Um dos enfermeiros está nos
observando, ele me diz que sabe que está morto, mas se diverte vendo os
espíritos sofrerem e disse que íamos nos juntar a eles em breve se eu fizer
alguma tentativa de ajudar algum espírito a sair dali.”
5:20 am Charlie: “Vamos sair do prédio, acho que já
tivemos provas suficientes de que este lugar é assombrado e nos sugaram toda a
energia, preciso comer e descansar. Ainda vejo sombras andando e alguns espíritos.
O espírito de um velho está na porta de saída para as escadas, acho que não quer
nos deixar sair, ele esta batendo a cabeça na porta repetidamente e esta
sangrando. Vou me aproximar e abrir a porta. Spencer diz que não vê e escuta nada.”
(Escuta-se um urro e Spencer no fundo acudindo o amigo, o ruído durou por
alguns minutos).
Spencer: “Me parece que o Charlie foi atacado por um
espírito, ele esta acordado mas disse que se sente muito franco e precisa
descansar um pouco, a porta de saída para as escadas esta trancada,
aparentemente não há chave, tentei arrombar mas a porta é de ferro e muito
resistente, estamos sem refugio por agora.”
Charlie: “O espírito que me atacou é de um senhor que
morreu aqui um pouco antes do asilo ser fechado. Eu perguntei por que ele está
aqui e ele me disse que matou muita gente e que o prenderam aqui. Ele sugou um
pouco da minha energia, mas consegui me livrar antes de um dano maior ser
feito.”
5:59 am Spencer: “Escutamos o Billie nos chamando e
dizendo para ir embora, a porta da escada se abriu e já estamos no térreo, a
entrada do prédio está a minha frente, aparentemente somos os primeiros a sair.
Fico imaginando onde o Billie está porque se ele abriu a porta e nos chamou ele
deveria estar aqui.”
David
e Scott - Térreo
9:55 pm David: “Estamos tendo nosso primeiro contato
espiritual, Scott está conversando com uma mulher que era paciente do asilo mas
ele disse que está muito difícil conversar com ela pois ela não responde a suas
perguntas.”
Scott: “Esta mulher está muito perturbada, ela não é uma
pessoa violenta, mas está muito inquieta e não me deixa aproximar-se dela. A
única coisa que me disse foi para ir embora e deixá-la em paz ou “eles” iriam
acabar me internando aqui também. Eu perguntei a ela quem eram “eles”, ela
sorriu e apontou para minha direção, quando eu olhei para trás eu vi uma
sombra, era enorme e fazia movimentos bruscos pelo corredor, quando eu pedi
para se mostrar e conversar comigo ela veio em direção a mulher e os dois desapareceram.
Vamos continuar nossa busca na ala dos quartos, os espíritos mantêm uma conexão
muito forte pelo quarto onde costumavam viver ou até mesmo morrer.”
12:25 am Scott: “Antes de ir para a parte dos quartos
viemos até a cozinha e refeitório que eram mais próximos, tudo aqui está muito
quieto mas posso sentir espíritos aqui e até sinto cheiro de comida, por alguma
razão eles não querem se mostrar ou conversar comigo. Eu consigo ver uma ou
outra sombra aqui e ali, estou achando muito estranho, pois a maioria dos
espíritos que vagam assim não sabem que estão mortos, portanto não há razão
para se esconderem, isso significa que os espíritos que habitam essa parte
estão consciente da morte. David, você anda muito calado.”
David: “Eu não estou me sentindo muito bem, minhas pernas
estão muito fracas e mal consigo andar, parece que não descanso ha dias. O que
é aquilo? Você viu?”
Scott: “Vi sim, que coisa horrível. Vamos lá, talvez ela
fale conosco. Nós vimos uma senhora já muito velha muito pálida e meio
acinzentada. Ela tinha corrente nos membros e sangue na boca. Nós vamos correr
para a ala dos quartos à procura dela.”
David: “Eu estou com muito medo Scott, eu não sou médium
e nunca vi um espírito assim, olha estou todo suado e meu coração esta por
saltar pela garganta.”
Scott: “Eu tenho pouca experiência, mas nunca um espírito
tentou me machucar, não precisa ficar com medo. Vamos, estou sentindo uma
energia muito forte vinda do lado onde ela apareceu.”
David: “Pra lá é a área dos quartos. Eu acho melhor
cancelarmos a busca, eu estou me sentindo muito cansado.”
Scott: “Ecce Crucem Domini! Fugite partes adversae! Vicit
Leo de tribu Juda, Radix David! Alleluia! Espírito maligno, você está banido e
excomungado, volte para as sombras que é seu lugar de direito. Prepare-se para
que a luz te atire de volta no abismo. (Os gritos ao redor ficaram mais altos,
podia-se escutar homens mulheres e crianças, todos gritando em um coro de
terror depois de alguns minutos tudo ficou silencioso novamente e a voz de
Scott está próxima do gravador). O David foi possuído por um espírito, ele
pegou um pedaço de vidro e me atacou, estou com um corte no meu ombro esquerdo,
esta sangrando muito. Ele esta desmaiado, vou carregá-lo até o carro. A saída é
muito longe daqui e com todo o entulho no caminho vai demorar para chegar lá.
Um espírito de luz esta conversando comigo, disse para eu sair daqui rápido,
pois o prédio está tomado pelas trevas e não é seguro ficar aqui, ele vai
tentar me proteger.”
6:04 am Scott: “Acabo de sair do prédio, Charlie e Spencer
que já estavam aqui me ajudaram a colocar o David dentro do carro. Ele não se
move, está dormindo profundamente. Gritamos por Billie e Tom, mas ninguém
respondeu. Vamos orar por eles, nesse momento é tudo que eu podemos fazer.”
“Eis a cruz do Senhor! Fugi forças inimigas! Venceu o
Leão de Judá, A raiz de David! Aleluia!”
Billie
Mason — Quinto andar
8:17 pm “Depois de alguns minutos de meditação consegui
conversar com vários espíritos. Muitos estão confusos e não sabe que estão
mortos, outros sabem, mas dizem que estão presos. Quando eu pergunto por que
estão presos eles desaparecem ou são levados por uma sombra. Estou desconfiado
que algum espírito muito ruim ou até mesmo um demônio os esteja aprisionando
aqui. Vou continuar caminhando por ai e vou entrar no quarto 502 por ultimo,
primeiro quero fazer uma investigação geral.”
11:30 pm “Eu posso garantir, esse é um dos piores lugares
que já visitei. A energia das pessoas que morreram aqui é muito, muito ruim.
Alguma coisa ou melhor dizendo, entidade, conecta um espírito aos outros, é
como se uma não poderia existir sem a outra. Eu continuo tentando encontrar
informações mas sempre que chega a hora de responder algo acontece. A cada
passo que eu dou, sinto a energia negativa aumentando, está ficando mais
difícil de seguir adiante, vou diretamente para o quarto 502 onde dizem que
varias pessoas se mataram pulando da janela ou se enforcando.
2:42 am “Estou no quarto 502 e finalmente descobri o que
prende os espíritos aqui. Uma mulher que trabalhou como enfermeira aqui durante
alguns anos quando tratavam a tuberculose se conectou comigo, ela me levou a uma
sala onde supostamente era um centro cirúrgico. Ela me mostrou uma cena
chocante. Enquanto os pacientes estavam abertos na mesa de cirurgia um dos
médicos preparava um ritual de magia negra, disse que ele era muito poderoso e
gostava de escravizar espíritos para seu próprio divertimento. O ritual deveria
ser preparado com o paciente ainda vivo, depois do ritual feito o médico colocava
um pequeno embrulho com talismãs dentro do corpo e estava feito, o espírito do
futuro falecido estaria aprisionado ao prédio e submisso aos mandos dele. Essa
enfermeira era sua ajudante que se arrependeu de ter ajudado em tais rituais e
saltou da janela desse quarto, para a sua má sorte a queda não a matou
instantaneamente e o medico diabólico a levou para seu centro cirúrgico para
“salvar sua vida”, porém executou o ritual imediatamente atando seu espírito
como fez com os demais. Ela sofre muito por não poder se salvar ou salvar os
demais. Quando o hospital fechou o médico executou o ritual para si próprio e
se jogou dessa janela, tomando o controle de seus escravos.”
4:05 am Billie: “Desde que soube dos rituais eu comecei a
meditar e orar pelos espíritos, eu tentei conectar-me ao espírito do médico que
pelo que a enfermeira me disse, comanda o lugar mas não tive sucesso. A energia
negativa aumenta a cada minuto posso sentir algo muito ruim aqui e…”
Voz masculina desconhecida: “Estava me procurando? Bem,
aqui estou, estou feliz por você e seus amigos se juntarem a nós. Eu vim cuidar
de você pessoalmente, sinta-se lisonjeado, e enquanto a seus amigos tenho
outros cuidando deles.”
Billie: “Existe um caminho muito melhor do que o que você
esta seguindo, deixe essas pessoas em paz, se arrependa do que você fez e você
poderá ser salvo.”
Voz masculina desconhecida: “E você acha que eu quero?
Você é um estúpido, se acha muito forte e experiente e não passa de uma criança
brincando com as coisas que você não entende, mas não se preocupe eu vou te
ensinar melhor.”
Billie: “Não tem nada que você tem para ensinar que eu
quero aprender.”
Voz masculina desconhecida: “Olhe nos meus olhos, como
são profundos e tristes, tenho acumulado neles a tristeza de todos que eu matei
e aprisionei. Você esta sentindo toda essa tristeza não esta?”
“Não, não, por favor não.” (Billie estava chorando,
escuta-se o barulho do gravador caindo no chão, algumas coisas se arrastando,
alguns ruídos que não se pode definir bem e depois disso o silencio).
O
Reencontro
Tom abriu a porta de saída e encontrou Scott encostado em
um dos carros, ele sorriu para o amigo momentaneamente até ver a marca de
sangue na camisa.
“O que aconteceu com você?” — Perguntou Tom.
Scott contou tudo a Tom, e os quatro conversaram sobre
suas experiências de terror naquele pequeno pedaço de inferno.
“São quase sete horas e nada do Billie, vamos atrás dele.”
— disse Tom.
“Vamos, Spencer você fica aqui cuidando do David, Scott
eu sei que você esta ferido, mas precisamos de você lá dentro.” — explicou
Charlie.
“Sem dúvida nenhuma, nós precisamos reunir nossas forças
para sairmos com vida.” — completou Tom já andando em direção à entrada.
Os três entraram no prédio e subiram as escadas até o
quinto andar. Tom ia liderando o caminho.
“Algo não está bem, o Billie está aqui em algum lugar,
posso sentir sua presença, mas uma energia negativa envolve meus sentidos
fazendo impossível definir a energia que Billie me manda.”
“Vamos até o quarto 502, se algo aconteceu aqui, provavelmente
foi lá.” — respondeu Scott.
Minutos depois os três chegaram ao quarto, Scott foi o
primeiro a entrar, Charlie e Tom correram ao escutar o grito de terror que
Scott deu. Ao chegarem à porta entenderam porque seu amigo gritou. Billie
estava morto, se matou enforcado. Ele se pendurou com trapos velhos que havia
no lugar. Os três choraram pela perda do amigo e parceiro de aventuras
espirituais.
“Eu sei que ele nunca iria fazer isso em sã consciência.
Alguma coisa o fez matar.” — disse Charlie andando em volta do quarto.
“Essa coisa teria que ser muito forte, pois o Billie era
um médium muito poderoso, porém eu não duvido. Eu presenciei coisas aqui que eu
nunca vi em outro lugar.” — completou Scott pegando o gravador de Billie do
chão.
“E vocês têm razão, agora não temos tempo para muitas
explicações, vocês precisam nos ajudar a sair do prédio, ou serei prisioneiro
desse lugar para sempre e talvez vocês também.”
Os três se assustaram ao ver o espírito de Billie e de
uma enfermeira que até então eles não conheciam. De alguma forma eles se
sentiram em perigo, pois sabiam que se ali existia uma entidade capaz de
aprisionar espíritos, ela deveria ser muito forte e eles estavam cansados, com
fome e mentalmente despreparados para qualquer outro tipo de aventura. Tom
olhou pela janela, o sol estava nascendo, a luz que tocava seu rosto o fez
lembrar que nada era impossível com fé e perseverança, e isso o animou.
“Olhem pela janela senhores, a luz está conosco,
lembrem-se que por mais forte que essa coisa seja sempre existirá algo mais
forte do lado do bem. Tenho certeza que espíritos de luz iram nos ajudar a sair
daqui.” — disse Tom emocionado.
De repente tudo ficou escuro, todos olharam pela janela e
viram-se cercados, milhares de sombras rodeavam o prédio por fora como um
tornado em fúria. Gritos de horror altos como o som de um trovão tomaram conta
do lugar.
Todos saíram do quarto e começaram a andar em direção as
escadas, os espíritos da enfermeira e de Billie os seguiam. Scott viu pela
energia dos dois que eles sentiam medo e imaginou o tipo de força maligna
operava naquele lugar. Ainda estavam no corredor dos quartos quando escutaram
uma voz que soava como um estrondo.
“Vocês nunca sairão daqui com vida.”
O médico louco estava em frente ao grupo, impedindo-lhes
a passagem, Tom deu um passo à frente e começou uma oração.
“Tom eu sei que você é forte e experiente, mas você não
pode o enfrentar sozinho”. — sussurrou o espírito de Billie.
“Talvez não, mas nós juntos tenho certeza que sim, junte-se
a mim.” — respondeu Tom.
“Você tem certeza? Seu corpo pode enfraquecer.” —
perguntou Billie.
“Rápido antes que seja tarde demais.” — disse Tom.
Tom respirou fundo, o espírito de Billie entrou em seu
corpo. Os demais puderam ver uma luz emanando da fusão dos dois. Tom foi
andando em direção ao médico que estava sorrindo, pois estava se divertindo com
a situação, ele fixou os olhos em Tom e começou a balbuciar alguma coisa. Por
um instante Tom o encarou, parecia que estava sendo hipnotizado pelo homem.
“Poupe de suas mentiras, seu ódio e sua maldade, pois
hoje não mais fará o mal. Volte para inferno, onde espíritos baixos como o seu
estão.” — disse Tom ao médico.
A expressão do médico já não era a mesma, estava furioso
se esforçava para tomar conta do corpo de Tom. Ele continuava a pronunciar seu
encanto, mas notou que não teria sucesso. Tom levantou suas mãos que irradiavam
luz e o médico começou a gritar. Aos poucos o grupo notou que o médico foi
perdendo suas forças e começou a desaparecer.
“Vocês nunca vão me tirar desse lugar e nunca vão sair,
talvez eu tenha perdido minha força temporariamente, mas meus milhares de
escravos vão te matar.” — gritou o médico desaparecendo.
Centenas de vultos negros que estavam rodeando o prédio
agora entravam pelas janelas em direção ao grupo. Todos se abraçaram em um
circulo, a enfermeira ficou no meio dos três e em uma só voz pediram ajuda aos
espíritos. Scott olhou para o lado, um vulto negro voava em sua direção, ele
fechou o olho e orou uma vez mais e escutou vários gritos de dor e medo. Quando
ele abriu o olho viu que agora não somente vultos negros mas também brancos
ocupavam o lugar. Os vultos brancos colidam com as sombras que se aproximavam
do grupo, Scott entendeu que ali estava sendo travada uma batalha por suas
vidas e agradeceu aos espíritos por vir ajudá-los, ele sorriu para os demais.
“Estamos salvos, mas temos que correr.” — disse Scott já
correndo para as escadas.
Eles alcançaram as escadas e começaram a descer. Charlie
estava assustado e impressionado ao mesmo tempo com a batalha, pois em seu
pouco tempo de experiência nunca pensou que algo assim pudesse ocorrer. Quando
finalmente chegaram ao térreo olharam a saída e se animaram, porém a batalha
entre as duas forças se intensificou.
“Eles não vão me deixar sair eu posso sentir.” — gritou a
enfermeira em meio do tormento.
Quando estavam alcançando a saída, um dos vultos negros
alcançou Scott e o arrastou violentamente por onde era a antiga recepção.
Vários espíritos de luz foram ao seu socorro, mas as sombras os impediam de
chegar até ele. Já um pouco distante do grupo a sombra o soltou e o envolveu.
Scott levantou suas mãos e gritou:
“EGO to order vos , vado tergum ut abyssus.”
A sombra fez um barulho ensurdecedor e desapareceu. Scott
se levantou pode alcançar novamente o grupo que assistiu a cena com terror, mas
foram impotentes de ajudá-lo. Todos saíram do prédio, menos a enfermeira que
não podia passar da porta, ela se sentia incapaz de fazê-lo. Tom, ainda unido a
Billie voltou para dentro do prédio, seus amigos tentaram impedi-lo, mas ele
seguiu em frente. Ao entrar no prédio ele orou pela enfermeira e pediu sua
libertação. Um espírito de luz se aproximou deles.
“Eu sinto que seu arrependimento é verdadeiro, e você
terá sua chance de desfazer seus erros e recomeçar.” — disse o espírito à
enfermeira com sua voz melódica.
“Rápido, use meu corpo e eu te levo para fora, tenho
certeza que eu vou aguentar.” — ordenou Tom.
Sem pensar duas vezes ela o fez, entrou no corpo de Tom
que em segundos estava do lado de fora. Eles olharam para dentro e viram que o
prédio estava silencioso como a noite e não mais viam a batalha sendo travada.
Spencer correu ao encontro dos demais preocupado por não
ver Billie. Tom caiu no chão de fraqueza, toda a batalha e dois espíritos
ocupando seu corpo sugaram toda sua energia. Ele abriu os olhos para ver Billie
e a enfermeira caminhando e desaparecendo em direção ao sol.
E enquanto ao
prédio, centenas de espíritos os observavam das janelas.
David saiu do carro ainda muito fraco e se juntou aos
demais que contaram tudo o que aconteceu. Os cinco fizeram uma promessa de um
dia voltar e libertar todos os espíritos aprisionados ali, mas isso já é outra
história…
Eu te comando, volte para o inferno…
Fim.
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